A crescente demanda por veículos elétricos impulsiona a necessidade de infraestrutura condominial adequada. Mas instalar um carregador em condomínio vai além de uma tomada comum — envolve cuidados técnicos, regras internas e respaldo em normas reconhecidas.
Este conteúdo aborda o que os moradores e gestores precisam saber para garantir uma instalação segura, legal e eficiente.
1. Crescimento dos veículos elétricos no Brasil
A frota de carros elétricos e híbridos tem registrado crescimento expressivo nos últimos anos. Estimativas indicam que pode atingir cerca de 20% de participação total até 2040, impulsionando a necessidade de espaços condominiais preparados para recargas.
2. Por que os condomínios precisam se adaptar?
Condomínios urbanos de médio e grande porte já enfrentam a demanda por pontos de recarga. Muitos empreendimentos iniciam projetos de carregadores individuais ou compartilhados, além de atualizar regulamentos internos para acomodar essa nova realidade.
Leis municipais em várias cidades já obrigam que novas construções contem com infraestrutura prévia para recarga elétrica.
3. As normas técnicas aplicáveis
A principal exigência técnica vigente é a ABNT NBR 17019/2022, que estabelece os requisitos para estações de recarga em baixa tensão. Alguns pontos-chave:
- Circuito elétrico exclusivo e adequado ao aparelho.
- Disjuntor DR para proteção contra choques elétricos.
- Proteções contra sobrecarga e surtos.
- Dimensionamento correto dos cabos e aterramento.
- Avaliação da capacidade elétrica do condomínio
Essa norma complementa a NBR 5410, aplicada às instalações elétricas residenciais gerais
4. Regras de segurança obrigatórias
Corpos de bombeiros estaduais já apresentam normas complementares para garantir a segurança das instalações, incluindo:
- Extintores ABC por vaga de recarga;
- Distância mínima entre pontos de recarga (geralmente ≥ 5 m) ou paredes corta-fogo;
- Sistemas de ventilação automática em garagens subterrâneas;
- Vistorias e prazo de adequação obrigatória (normalmente até 12 meses)
5. Projeto de lei em tramitação
O Projeto de Lei 158/2025 propõe garantir o direito do condômino de instalar carregador na vaga privativa, desde que respeite normas técnicas e o regimento interno. A proposta inclui:
- Responsabilidade do morador pelos custos da instalação;
- Obrigatoriedade de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART);
- Proibição apenas se houver cláusula expressa em contrário na convenção
6. Quais são os modelos de instalação?
- Ponto individual: instalado na vaga do morador, com medição separada ou medidor individual.
- Ponto coletivo de uso comum: compartilhado entre moradores, requer assembleia para aprovação e regras definidas.
- Sistema com balanceamento de carga: permite múltiplos pontos ativos sem sobrecarga do sistema
7. Etapas recomendadas para síndicos
- Mapear interesse dos moradores;
- Contratar profissional habilitado para estudo elétrico de viabilidade;
- Realizar assembleia para aprovar o projeto e definir regras;
- Especificar responsabilidades por custos, manutenção e consumo;
- Emitir ART/RRT e laudo técnico; 6. Fiscalizar a manutenção e uso responsável
8. Custos estimados
- Carregador portátil (3,7 kW): R$ 2.000 a R$ 5.000
- Wallbox fixo (7 a 22 kW): R$ 6.000 a R$ 12.000
- Quando instalado na vaga privativa, o morador arca com custos de consumo e estrutura elétrica.
Para instalações coletivas em áreas comuns, custos podem ser rateados conforme decisão assemblear — ideal ter medição individualizada ou sistemas inteligentes para dividir o consumo
9. Divisão de energia
O uso de medidores individuais ou carregadores inteligentes permite que cada usuário pague apenas pelo que consumiu, evitando injustiças e disputas entre condôminos
10. Cuidados ao usar tomadas comuns
Apesar de possível, o uso de tomadas domésticas padrão para recarga apresenta riscos: baixa potência, longos tempos de carga e sobrecarga no sistema elétrico. Requisitos para segurança:
- Avaliação técnica;
- Cabos e disjuntores adequados;
- Evitar sobreaquecimento ou curto-circuitos
Conclusão
Instalar carregadores de veículos elétricos em condomínios é permitido e viável, mas exige cuidado técnico, regulamentação interna e consideração por segurança. Síndicos e administradoras devem se preparar por meio de assembleias, análises técnicas e conformidade com normas ABNT e legislações estaduais.
Essa infraestrutura valoriza o condomínio, além de preparar o ambiente para as demandas da mobilidade sustentável.